7. O EVANGELHO  

 

 7.1 ARREPENDIMENTO

    No Evangelho de João,  Jesus é apresentado como salvador do homem (Jo 3.17 pois o homem está perdido).

    Para a salvação, é preciso cumprir algumas condições (participação humana): Mt. 3.2; Mc. 1.15

Arrependimento é uma das condições. E — é a outra condição.

    Arrependimento é uma mudança de mente (metanóia) e estado, na relação do homem para com Deus, e para com o pecado.

    O verdadeiro arrependimento é aquele que contempla mais a Deus e a sua justiça, e não meramente os seus pecados e as conseqüências de seus atos, como o fez Judas. (atitude que pode levar de volta ao pecado).

Arrependimento não é um movimento suspeito que permita a pessoa olhar com saudade as ‘delícias’ do mundo pecaminoso.  Arrependimento é uma volta completa, pela qual se fixa o olhar em uma direção inteiramente oposta; e desde que o homem não tem olhos na parte posterior da cabeça, o mundo fica completamente fora de vista da pessoa arrependida; só Deus fica à sua frente. (Langston, p. 89-0)

 

7.2 FÉ

    Sabemos que o fundamento da salvação é a morte de Jesus Cristo, o que Ele fez por nós.

   Como nós nos apropriamos desta tão grande salvação?  É pela fé. 

   -    Jo 3. 18-21 Fala da fé como condição para que o homem possa apropriar-se da salvação.

 Voltando à figura do pão, poderemos compreender claramente a função da fé.  O que salva o homem da morte pela fome é o pão (ou o alimento que ele representa). Para o indivíduo apropriar-se do pão, importa que ele o coma. É verdade que o ato de comer não salva ninguém, o ato é simplesmente o meio pelo qual o pão traz a salvação. O pão é que salva da morte física, por meio do comer. Assim é o crer em Jesus. A fé, por si só, não pode jamais salvar a ninguém. O crer não salva. Jesus é quem salva, porém esta salvação só vem por meio da fé; isto é, por crer. A não ser que se coma do pão, é certa a morte do corpo. A não ser que se creia em Jesus, é certa a morte espiritual. Crê ou morre, esta é que é a verdade. O ato de alguém crer em Jesus é em tudo semelhante ao ato de comer o pão para saciar a fome. Pela fé somos salvos por Jesus. (Ibid., p. 168).

    João não usa a palavra fé no Evangelho, apenas uma vez na 1 Epístola cap. 5.4. Para João fé não tem um só significado como acontece nos escritos de Paulo e na Epístola de Hebreus., no seu entender há uma variedade de fé:

  -   Jo 20.31 Indica o aceitar um fato e aceitar uma pessoa.

  -    Em 1 João ao combater o falso agnosticismo, que negava a encarnação de Jesus, ele registra a fé como sendo uma afirmação de que Jesus é o Cristo nascido de Deus. (Marta assim confessou João 11.27). Crer aqui é afirmar certos fatos.

 Textos em que o verbo ‘crer’ aparece como objeto direto à Pessoa de Deus, ou Jesus Cristo:

  -   João 14.1 “credes em Deus, crede também em mim.”

  -   João 3.16  Fé aqui está em seu nível mais alto, mais perfeito e mais frutífero.

Por crer, o crente apodera-se da vida do objeto da sua fé. Do mesmo modo que o homem pelo ato de comer se apropria da vida, da substância do pão, assim também o crente pelo uso da fé em Cristo, se apropria de todo o poder e vida que estão em Jesus Cristo... no discurso de Jesus sobre o pão da vida. As expressões... ‘vem a mim’, ‘crê em mim’, são sinônimas de ‘comer da minha carne’ e  ‘beber do meu sangue’. Todas falam da mesma fé forte e vigorosa, ativa e frutífera. Elas ensinam também que o valor da fé se deriva do seu próprio objeto. (Ibid., p. 170-1)

 

Aparece o verbo crer, às vezes, sem o objeto direto como em João 1.7 e 3.12 “Este veio para testemunho, para que testificasse da luz; para que todos cressem por ele” — “Se vos falei de coisas terrenas, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?”

 

A FUNÇÃO DA FÉ.  

        -  A fé propicia vida. Assim como a analogia do pão serve para explicar que fisicamente o homem vive por comer; espiritualmente vivemos pela fé. Mas assim também, como o ato de comer não nos salva da fome, também a fé não nos salva da morte. O pão é que salva, seu exercício poderoso sobre o organismo, sacia a fome. Assim, Jesus é quem salva, com a sua vida, e o seu poder espiritual.

 

A NATUREZA DA FÉ.  

       - A natureza da fé é propiciar o relacionamento vivo, perfeito e vital entre o Deus Salvador e o homem pecador, é propiciar o remédio espiritual para o estado espiritual do homem.

A fé em si mesma é a submissão completa da personalidade a Jesus Cristo. (...) Mas a fé é mais do que simplesmente um ato da inteligência; envolve a personalidade toda; é uma submissão voluntária e inteligente da personalidade integral a Jesus Cristo. (...) Em geral a idéia é que quando alguém pratica o ato de comer, está, por meio deste ato, entregando a comida ao corpo. Realmente é o contrário; quando comemos não estamos entregando o alimento ao corpo, mas estamos entregando o corpo ao alimento. Isto se torna bem claro, supondo que tomássemos um veneno qualquer; pois vemos logo que o veneno se apossaria do corpo.  O que se come domina o corpo; pois que ele, a fim  de assimilar o que come, submete-se à comida. Tem que ser assim, porque pelo plano de Deus a comida vai agindo dentro do corpo, expulsando a fome e a fraqueza, edificando e fortalecendo o corpo de muitas maneiras.(...)  Havendo uma comida perfeita e uma completa submissão do corpo, os resultados são ideais.   A fé age da mesma maneira. Pela fé o homem entrega-se a Jesus Cristo, o Pão dos céus, o perfeito alimento que nutre a alma; e Jesus, como o pão, vai agindo dentro da nossa alma, fazendo a sua vontade. Ele expulsa de nós o pecado, purifica-nos e fortalece-nos constantemente. A razão por que Ele não faz mais é a nossa imperfeita submissão. (Ibid., p. 172)

 

 A FÉ NOS ESCRITOS PAULINOS.

       -  “Para o apóstolo, a fé é confiar em Deus, é fazer repousar a alma em Deus ou em Jesus Cristo; é uma atitude tanto receptora como simpática para com Deus e a sua  graça.” (Ibid., p. 334)

   É uma questão de confiança do coração humano na justiça divina (Rm. 10.10)

   É no coração que Cristo vem habitar pela fé em amor (Ef. 3.17)

   A fé é um princípio ativo de operação numa personalidade receptiva e acionada pelo amor (Gl.5.6).

   A fé é o grande motivo para a obediência  e para aplicação às boas obras (1 Ts. 1.3; 2 Ts. 1.11)

   A fé não atrapalha o crente na obra, ela o dispõe a trabalhar, só é contrária às obras quando estas se colocam como fundamento da salvação.

   Aquilo que é feito sem vir de fé é pecado, isto é, não ter a fé como fundamento. (Rm 14.23)

    Uma das frases mais características de Paulo é  a frase “crer em Cristo” para descrever um intimo e pessoal relacionamento entre o crente e o Senhor. É a fé que propicia a entrada nesta relação espiritual com Cristo, este é o objetivo da fé cristã. Viver pela fé em Cristo  é como Paulo expressou aos Gl. 2.20: É viver em Cristo, ou Cristo viver no crente. É viver em comunhão muito intima, onde as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo 2 Co. 5.17.

   GÁLATAS 5.6  Diz que só a fé operada por amor é que tem valor; Ef. 1.13 em razão da fé o crente é selado com o Espírito Santo; Rm. 3.22 a justificação é pela fé para todos os que crêem ; 2 Co 13.5 “Examinai-vos... se permaneceis na fé...”

 

7.3 SALVAÇÃO PELA GRAÇA

    Visto que o homem está num estado pecaminoso, necessitado de salvação, vimos que a salvação vem de Jesus.

   Como a salvação se torna possível ao homem?

·         1 João 1.5,7,9

v. 5 “... declara que Deus é luz e não há nEle nenhuma treva.  A conclusão, portanto, é que só os que andam na luz serão purificados de todo o pecado... É de interesse observar também que o pecado de que aqui se fala é o do crente e não o do descrente.  Mas tanto de um como de outro é o sangue de Jesus que nos purifica.” (Langston, p. 165)

v.7 o sangue de Jesus Cristo  purifica de todo pecado

v. 9 fala da purificação, condicionada à confissão de pecados

 

   Estas passagens indicam que a morte de Jesus, referência ao seu sangue, de algum modo está ligada à salvação, mas não explicam ainda a maneira pela qual a salvação é proporcionada.

 

   Em 1 João 3.5 está registrado que Jesus se manifestou para tirar os nossos pecados; e no Evangelho de João 1.29, Ele é indicado pelo profeta, como “... o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.’ Este último texto está diretamente relacionado com Isaías 53.7, dando-nos compreensão de que a nossa salvação depende de Jesus Cristo — do seu sofrimento e do seu sangue.

 

A NECESSIDADE DA MORTE DE JESUS É DECLARADA

    -  João 12.24 – Jesus diz que o grão de trigo (Ele) deve cair na terra, morrer, para muito frutificar.  (vv. 32-33 diz que através da morte de cruz atrairá a todos)

    -  João 6.51 (“o Pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.”

    -  João 10.11, 14 2 15 (O bom Pastor, deu a sua vida pelas ovelhas)

    -  João 11. 47-53 (A profecia de Caifás, sumo sacerdote, “convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação...)

 

   Mas os dois textos mais importantes que fundamentam a doutrina da nossa salvação, provavelmente são:

    -  1 João 2.2  (Indica que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados e de todo  o mundo)

    -  1 João  4.10 ( Revela que Deus nos amou antes, isto é, primeiro,  e nos enviou seu Filho para fazer propiciação pelos nossos pecados )

 

   Os Escritos do Novo Testamento estão fundados nesta grande verdade, que João ensina, bem como os outros — “o fundamento da salvação é a morte de Jesus Cristo. Ele fêz o grande sacrifício pelo qual se realizou a nossa reconciliação com Deus.’ (Langston, p 167-8)

 

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Elaborada por Walter Meleschco Carvalho, e atualizada em 28/09/2005