& 11. O ENSINO DE JESUS SOBRE O HOMEM E O PECADO.

 

 

 11.1 - SOBRE O HOMEM 

       O estudo  acerca da idéia, valor e papel do homem, é fundamental na teologia, porque deriva disto o entendimento sobre temas doutrinários como evangelização, salvação,  missão da Igreja etc.   Também depende o modelo a se adotar na prática, se a ênfase será social ou individual; se material ou espiritual e se temporal ou eternal.

     -  Jesus nos trouxe uma nova ordem — ordem de reino espiritual, de um povo constituído por pessoas      (homem individual, responsável e consciente) regeneradas pelo sangue de Jesus Cristo e revestidas da incorruptibilidade pela ressurreição.

    -   Não tratou o homem-sociedade que exime de responsabilidade o ser individual — que o caracteriza como fruto do meio social;

    -   Não tratou o homem-totalidade que desvaloriza a individualidade — que considera a religião como fator de controle da sociedade, manipulado por classes dominantes.

    -  Jesus não tratou do tema sistematizadamente.  Ainda que Ele sabia tudo sobre e o que havia no homem (Jo. 2.25) sem que alguém tivesse que lhe testificar, "ele jamais se referiu, por exemplo à natureza do homem, expressa e objetivamente... o que os Evangelhos registram são atitudes e ensinos encontrados no decorrer do ministério de Jesus a respeito do homem, e que são suficientes para fornecerem imagem clara da doutrina de Jesus sobre o homem." (Lima p. 115)

  

11.1.1  JESUS  EXALTOU  O  VALOR  DO  HOMEM  COMO  INDIVÍDUO  

 ILUSTRAÇÃO: Os sistemas sócio-políticos-economicos derivados de ideologias materialistas, exaltam :

a)  O comunismo —  a economia

b)  O nazismo —  a raça

c)  O fascismo  —  a cultura nacional

Neles, ao invés do Estado trabalhar pelo bem de cada indivíduo, o indivíduo age em função do Estado!!!

    -   Jesus exaltou "o valor do homem em cada indivíduo de per si, e não na sociedade e nem em qualquer sistema de vida coletiva." (Lima p. 115)

 a)  São de responsabilidade individual o discipulado e o destino da alma Lc. 9.23-25 {se alguém quer vir após... se perder a sua alma...}

 b)  Os indivíduos eram o objeto (não a sociedade) no ministério de Jesus. Mc. 16.15-16

c)  Jesus ensinou o valor eterno de um só indivíduo.  {Lc. 15.3-7 a ovelha perdida; Lc. 15.10 alegria... anjos}

d)  Jesus socorreu um só indivíduo, em desafio ao poder da religião organizada. {Mt. 12.10,13 ...mão mirrada; Jo. 5.1-5 paralítico de Betesda/38 anos}

 

11.1.2 JESUS ENSINOU A NATUREZA INDIVIDUAL E A RESPONSABILIDADE PESSOAL DO HOMEM

    -   A natureza do homem é individual, completo em si mesmo e completamente responsável.   Contrário ao ensino da filosofia holistica (gr. Hollon - todo) de Haldane Smuts, que diz "os organismos desenvolvem seus membros a partir da totalidade"    Lima escreve: "o homem é ser individual, pessoalmente responsável. 'É um ser consciente relacionado ao mundo e à Divindade, no dizer de Nelson Saldanha." (p. 119)

    -  No ensino de Jesus não há fundamento algum para o afamado Evangelho social (homem fruto da sociedade = salvação social), ou para o ativismo político em substituição à evangelização que visa à salvação das almas, uma por uma..."(Lima p. 120).

 

11.1.3  JESUS  CRISTO  ENSINOU  A  IGUALDADE  DE  TODOS  OS  HOMENS.

    -  Ele não exaltou a raça judaica — estabeleceu entre todos os homens a igualdade perfeita, derrubando as barreiras da separação entre judeus e gentios, inaugurou o princípio da universalidade do Evangelho (Lc 24.46,47  Conforme Gálatas 3.28, todos são um em Cristo)

    ·   Conviveu com publicanos ( Mateus Mt 9.9-13).

         ·  com samaritanos ( a mulher Jo. 4.1-42)...

             ·    com gentios (a mulher cananéia Mc 7.24-30; Mt. 15.21ss)

 

11.1.4  JESUS  CRISTO  ENSINOU  A  POSSIBIDADE  DE  RECUPERAÇÃO DA PESSOA HUMANA

    -    Foi convivendo e tratando os mais desprezíveis tipos de pessoas que Jesus em seu amoroso ministério, os animou e os convergiu ao arrependimento e fé:

          ·   Zaqueu, o publicano (Lc.19.1-10)     

         ·   A mulher adúltera (Jo. 8.10,11);

    ·   A mulher samaritana (raça odiada)    

    ·   O moço (ingrato e dissipador) da Parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32);                        

   ·   A Restauração de Pedro (Jo. 21.15-17 "brasas... amas-me?" 3x)

 

Jesus nos ensinou que:

    Não devemos nos omitir na Evangelização de pessoas socialmente renegadas.

    No aplicar da disciplina nas igrejas, não ferir a dignidade da pessoa de modo a obstruir o caminho da recuperação.

 

11.1.5  JESUS  RECONHECEU  E  PROCLAMOU  O  ESTADO  PECAMINOSO  DO HOMEM,  BEM COMO  SUA  NECESSIDADE  DE  RECUPERAÇÃO  PESSOAL.

    A síntese da sua pregação foi  "arrependei-vos e crede no evangelho" (Mc. 1.15; Mt 4.17)

    O reconhecimento do estado servil ao pecado e o surgimento de um novo impulso — voluntário e sincero — abominando essa escravidão. Arrependendo-se(mudando de mente, no grego Metanóia)

Em meio à crise, aceita que não é desculpável, que não tem esperança em si, pede perdão e propõe viver com Cristo uma nova vida. (Jo 3.3)

a)  Não imitando mais o mundo (tendencioso à prática dominada pela mente de Satanás)

b)  Não odiando as pessoas, mas buscar evangelizá-las, salvá-las.

 

 11.1.6  JESUS  ENSINOU  A  IMORTALIDADE  DA  ALMA.

     A resposta ao apelo do ladrão na cruz - Lc. 23.43

    A exortação a temer àquele que faz perecer no inferno a alma e o corpo - Mt. 10.28

    Na parábola do Rico e Lázaro — a existência da alma fora do corpo - Lc. 16.19-31

    Na transfiguração de Jesus (Moisés ... morreu Dt. 34.5-7 Js. 1.1,2 aparece com Elias)

    Jesus disse que Deus é Deus de vivos (acerca de Abrãao...viver só pode estar em alma Mc. 12.18-27)

    No Apocalipse, João viu as almas (imortais) perante Deus (Apc 6.9-17)

"Dr. De Haan, baseado em 2 Co. 5.1-4, acredita que há imediatamente após a morte um 'revestimento' no qual o crente habita enquanto aguarda a volta do Senhor." (Lima p. 129)

       Firmados no verdadeiro ensino de Jesus, nossa teologia há de nos induzir numa ação social integral, e  toda nossa atuação estará em harmonia com a vontade de Deus e a obra missionária.

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 JESUS ENSINOU...

  11.2 SOBRE O PECADO

 

       A compreensão deste assunto é  das mais relevantes para o  homem.

       O homem desviado do caminho da vida — idealizado por Deus — é um escravo do pecado. Jo 8.34. / 1 João 3.8

 A idéia hebraica de pecado é "errar o alvo, extraviar-se",  por isso Jesus veio ao mundo, buscar e salvar o que se havia perdido.

  ·   pecado é um mal terrível, torna o homem "infeliz, corrompido, orgulhoso, depravado, violento, cruel, degenerado, doente e morto" (Lima p. 133)

  ·   Por isso, O Profeta de Deus — João Batista, apontou-o como sendo "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" João 1.29.

  ·  A Teologia realmente Bíblica e dinâmica trás o conhecimento da natureza e atuação do pecado, bem como o remédio contra ele.

   

No ensino de Jesus, encontramos:

11.2.1 - CONCEPÇÃO ERRÔNEA DE PECADO.

  ·   Os teólogos liberais afirmam que “o pecado não é uma transgressão deliberada e voluntária, mas antes fraqueza e erro.” (Conner, Walter T., O Evangelho da redenção, JUERP, pág.9)

  ·   Este ponto de vista é tão antigo... Sócrates(468-400 a.C.) conceituou o pecado como sendo ignorância, disse ele: “Pecado é ignorar”

  ·   Eles vêem o homem como mero resultado ou produto do meio em que vive.  Eles Crêem que as circunstâncias deficientes da sociedade, vencem as forças humanas, oprimindo e forjando sua conduta de modo destrutivo e perverso.

  ·   Este ponto de vista diminui o homem a um ser desprovido de voluntariedade, responsabilidade e culpa.

  ·   Os liberais portanto, acreditam que as lutas contra o pecado, sejam políticas, econômicas e de educação generalizada. (ver tb., Hordern, William, Teologia Protestante Ao Alcance De Todos, JUERP, 1974, pág. 171)

  ·   A utopia de um messias político-econômico, um revolucionário que salve a Sociedade e promova paz e prosperidade, sem injustiça e pobreza, é pura ilusão.   Nisto falham as reformas sociais e políticas, por desconhecerem a realidade e atuação presente do pecado na natureza humana.

 

A Suécia é um exemplo deste ponto de vista equivocado: A Suécia

alcançou índice de analfabetismo zero, todos os bens e serviços são socializados, todos têm de tudo, e, assim embora, apresenta um dos mais altos índices de suicídio do mundo.  Tendo educação e bens materiais e assistências sob todos os aspectos, e tendo uma vida moral liberada, as pessoas matam-se a si próprias, de tédio e de desespero.  É a presença do pecado que não se elimina por meios materiais e educacionais.  As conquistas sociais e econômicas dos povos não nos fazem felizes e seguros.  Essas conquistas não conseguem erradicar o pecado da natureza humana, aliás, não conseguem nem ao menos lhe diminuir a virulência.  E o pecado se manifesta, por um lado, pela autodestruição; e, por outro, pela devassidão moral, pela permissividade sexual que ultraja a pessoa humana e destrói os alicerces da família.  Os esforços humanos para melhorar o homem esbarram sempre nas sinistras rochas submersas do pecado.  E por isso fracassam.   O pecado não reside nas estruturas político-sociais, não nas insuficiências da sociedade; ele reside na própria natureza do homem. (ibid., p. 135)

 

11.2.2 – CONSEQÜÊNCIAS DA CONCEPÇÃO ERRÔNEA DO PECADO

      a) Adoção de uma metodologia sociológica;

b)     Engajamento em movimentos políticos e de ação social:

 A teologia autenticamente bíblica aponta para uma missão vinda do céu — Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”(João 20.21)

      c)     Falta de discernimento para compreender os ensinamentos da Bíblia:   “Errais, não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus.” (Mt. 22.29)

 

11.2.3 – JESUS ENSINOU QUE O PECADO É UM ESTADO OU CONDIÇÃO DA ALMA HUMANA, ANÁLOGA À DOENÇA DO CORPO.

 Em casa de Mateus (o publicano) ”Os sãos não precisam de médicos e sim os doentes; ... e sim os pecadores.”(Mc. 2.17)

          “...é realidade singular e objetiva de comportamento, ou seja, como alguma ação iníqua praticada contra Deus ou contra o próximo.”(Lima, p.137)

 Este estado mal só é vencido/abandonado, quando o indivíduo passa pelo processo de crise e sai vitorioso:

 A crise de negar-se (declarar sua falência espiritual — renunciando a si mesmo e rendendo-se a Cristo "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" (Mc 8.34)

 A crise de  amar-se em 2º lugar para amar 1.º a Deus e ao próximo como a si mesmo.

        É a inversão da polarização afetiva doentia para a sadia.

 

11.2.4 - JESUS ENSINOU QUE O PECADO NÃO É SOMENTE UM MAL OBJETIVO, OU UM ATO CONSUMADO,  CONTRA O BEM; MAS É TAMBÉM A PRÓPRIA DISPOSIÇÃO ÍNTIMA PARA ESSA PRÁTICA.

a) A Crença judaica: pecado é o ato (consumado) de violação da Lei. (exteriorização) .

b) Ensino de Jesus: a má intenção já é pecado. (interiorização)

 

11.2.5 - JESUS ENSINOU QUE A FONTE DO PECADO É O CORAÇÃO

            Mt. 12.33-       Rm 7.14-24    Lc. 19.1-10 

 

11.2.6 - JESUS ENSINOU HAVER GRADATIVIDADE NO PECADO:

a) Pecado por queda -  Ocorre quando sem planejamento inicial; não desejado (porém, também voluntário, é uma decisão que conduz ao ato e à culpa). Ex.: Pedro negou 3 x a Jesus

      É mais facial arrepender-se (Pedro saiu e chorou amargamente Mt. 25.75)

 b) Pecado deliberado -  Mediante planejamento antecipado, e seguido de voluntariedade procura a sua consecução.   Ex.: - Judas Iscariotes;  -Também,  Ananias e Safira Atos 5.1-11    A diferença está nas palavras de Pedro: “Por que formaste este desígnio para tentar o Espírito do Senhor? (v.4)   Por que é  que consertastes para tentar o Espírito do Senhor? “(v.9) - Davi (arquitetando a morte de Urias) 2 Sm 11.1-17   O arrependimento e a conversão podem ser mais dramáticos, contudo possíveis. Ex.: O  Filho pródigo (Lc 15.11-32)

 c) Pecado imperdoável -  Pecado de injúria/blasfêmia contra o Espírito Santo. Este tipo de dolo é profundamente maligno e irreconciliável.Os elementos deste pecado Mt. 12.22-32

  ·   Jesus curara um endemoninhado cego e mudo.   Os fariseus quiseram levantar o povo contra Jesus e então disseram que curara pelo espírito de Belzebu (Príncipe dos demônios)

   ·   Atribuir a Satanás a obra realizada pelo Espírito Santo é (tentar) desmoralizar, injuriar propositada e irreverentemente para fins egoísticos.

       É imperdoável. Chegou ao grau máximo de degeneração e malignidade.

       Salvo crises de opressão (cristãos piedosos – tomados de medo) por Ter em algum tempo blasfemado. Como fruto de uma manobra satânica, para causar pânico na mente dos servos de Deus.  Não agiria conscientemente com escarnecimento e desprezo ao Espírito Santo.  Se há uma angústia e medo, ante sua preocupação de erro, já é uma atitude que revela reverência e respeito para com o Espírito Santo.    A salvação do servo de Deus é eterna, e nada poderá separá-lo do amor de Deus (Rm 8.35-39)

 

11.2.7 – JESUS ENSINOU QUE AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO SÃO    A   ESCRAVIDÃO,  A   POSIÇÃO  DE  DÍVIDA  INSOLVÍVEL    E   A  PRÓPRIA  PERDIÇÃO.

a)     Escravidão – (Jo. 8.34,36)

               Paulo disse Ter sido “vendido sob o pecado” (Rm 7.14) e “o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” v. 15 e “preso debaixo da lei do pecado” v. 23

               A vitória vem da força do Senhor (Rm 8.1,2)  Jesus é o grande libertador.

 b)     Débito – (Lc 7.41-43 os dois devedores / Mt 18.23-35 devedor incompassivo)

            “O pecado tem tão vultuoso débito para com Deus que é impossível pagá-lo”(Lima,p.150)

 c)     Perdição – (Lc 15.24 “Esta morte e reviveu... estava perdido e foi achado”)

            Alienado de Deus, o pecador rebelado, “vive” separado de sua Graça (Rm 3.23) em estado de morte e perdição.

            A conversão é saída da morte e entrada na vida (Jo. 5.24 “quem ouve.. mas passou da morte para a vida”)

 

11.2.8 – JESUS  ENSINOU  QUE  O  EVANGELHO  É  O  ÚNICO REMÉDIO PARA O PECADO.

               Nenhuma ação humana, seja ela social, política ou econômica poderá melhorar o estado interior (espiritual) do homem pecador.

               Somente a fé em Cristo como Filho de Deus e seu Salvador — como aquele que morreu na cruz pelo(substituto) pecador cumprindo a lei  “a alma que pecar morrerá” [Graça + fé + arrependimento = salvação.]

 

Conclusão. A compreensão do ensino de Jesus sobre o pecado:

  ·       nos põe em constante vigilância, quanto ao perigo real de queda;

   ·   nos equipa com conhecimento e saber, para discernir as filosofias e “teologias” modernas e pós-modernas, as quais desfiguram a verdade evangélica, e tentam substituir o sangue de Cristo por artifícios humanos (filosofias, religião, conhecimento, evolução, etc.)

   ·    nos motiva  a uma dedicação cada vez mais consagrada, na proclamação do evangelho às almas que sabemos – estão perdidas em pecado – e que para as tais — Jesus é a única esperança!

 

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Elaborada por Walter Meleschco Carvalho, e atualizada em 28/09/2005